Desde há alguns anos que venho colaborando com a organização do Trail Porto da Cruz Natura, uma prova pela qual tenho muita estima, já que foi a minha estreia nestas andanças de correr pela montanha. Aqueles 22Km em 2015 custaram-me bastante, muito mesmo, mas o bichinho tinha-se instalado e já não havia nada a fazer. Nesse ano a partir de Julho fui a todas as provas que ainda me podia inscrever. Se não me engano fiz 5 provas no mês de Dezembro e no princípio de Janeiro já estava fazendo o reconhecimento do I Trail da Boaventura. Ou seja, o vício veio para ficar.
Voltando ao que interessa, o Trail Natura. Dada a minha relação de trabalho e depois de amizade com o Hugo Marques, a cabeça e o coração da máquina do Trail Natura, a minha colaboração com a prova foi um processo natural. Começou com umas trocas de impressões, e o esclarecimento de uma ou duas dúvidas que o Hugo tinha na altura, mais no aspecto técnico do que design. Conversa para cá e para lá, ideia para cá e para lá, e fiz o meu primeiro trabalho para o Trail Natura, o prémio finisher 2015. Na realidade apenas idealizei o molde para queimar as rodelas de urze. Sim, os famosos dois NN do fiNNisher de 2015 são culpa minha.
No fim desse ano fiz o cartaz do Sky Trail Camp 2016, quase que por “acaso”. Não estava previsto ser eu a fazer esse trabalho, mas acabei por me oferecer, não me lembro bem como e… Já lá vão três anos e outros tantos Sky Trail Camps.
Para a edição de 2016 do Trail Natura apenas dei uma ajuda do logo na prova, simplesmente vectorizei uns elementos. E distribuí os logos pelo o pórtico. Participei na prova e até hoje foi a minha prova mais longa, 48Km em quase 12 horas.
No final do ano lá fui eu com o resto da equipa Aguenta Que Vai, Tiago e Lilio, e por indicação do Hugo Marques, subir o monte, a meio de carqueja e nos esfolando todos, para tirar a foto para o cartaz do Sky Trail Camp de 2017. Ficou bem giro, diga-se de passagem, mas grande partida nos pegou o Hugo com um montinho de carqueja.
Chega 2017, ano em que a minha colaboração com o Trail Natura se estreitou. Nesse ano para além do cartaz do Sky Trail Camp fiz o design dos cartazes e camisolas do Trail Natura. Aí senti pela primeira vez a satisfação de ver atletas a usar as “minhas” coisas. Foi do melhor, confesso. Foi também nesse ano que o Porto Da Cruz começou a dar as meias SocksBy como prémio finisher, mas sinceramente não me recordo se essas tiveram a minha mão ou se foram idealizadas pelo José Carlos Coelho. Nesse ano apenas fotografei a prova, já que uma lesão uns meses antes, não me deixava correr. Outro bichinho que se instalou, fotografar provas na montanha.
2018 foi o ano em que logo após o Sky Trail Camp, o qual fiz o cartaz novamente a partir duma foto tirada com elementos dia equipa, foi convidado a fazer parte da organização do Trail Natura pelo Hugo Marques e pelo Maurílio Gouveia. Acedi ao convite com todo agrado, pelas ligações que tenho à prova, que adoro e que para mim é a melhor prova da Região, a seguir às duas “provas grandes” e também pela relação de amizade que fui criando com vários elementos da organização. Nesse ano quando entrei as coisas estavam mais ou menos já definidas, e o meu trabalho foi no fundo assimilar as ideias e pô-las no “papel”. Nesse ano produzimos algumas coisas muito interessantes.
T-shirts sublimadas, pela primeira vez numa prova na Região, se não me engano. Meias, estas já com a minha assinatura e com a ajuda do José Carlos da SocksBy que se prontificou a ajudar a concretizar a ideia que era relativamente diferente. Cartazes com diferentes diferentes atletas, lançados em diferentes fases. E mais algum material promocional. Tentei ainda fazer os 50Km, mas não deu certo. O corpo cedeu logo na primeira subida e acabei fazendo cerca de 6Km. Segundo consta se não fosse o Bruno freitas, um dos vassouras, a me deitar a mão, tinha dado um salto. Foi o mais sensato desistir e por outro lado até foi bom, porque acabei indo para a meta e com isso compreender melhor a azáfama por detrás duma organização duma prova e o que é preciso fazer para que tudo dê certo. Foi uma experiência brutal.O ano acabou como sempre a preparar o cartaz do Sky Trail Camp de 2019. Este foi um dos cartazes mais fáceis de fazer. Bastou pedir uma foto à Marilisa Fernandes que tinha visto uns dias antes e que era simplesmente perfeita para o que queria. Era apenas necessário colocar a informação por cima, estava tudo lá. Obrigado Marilisa pela cedência da foto e pela disponibilidade, valeu.
E lá estamos em 2019. Este ano estive mais envolvimento na organização do Trail Natura e foi espectacular. As reuniões para discutir o percurso, a limpeza dos trilhos, as cores da prova, os abastecimentos, os voluntários, inscrições, etc…
Quanto à parte que me calhou, que foi essencialmente gráfica, começou, depois de terem sido definidas as cores da prova, pela t-shirt. Não foi se calhar o caminho certo, começar logo pela t-shirt, mas funcionou bem e no fundo serviu a t-shirt de base para o resto da imagem.
A primeira versão da t-shirt sofreu alguns reparos já que parecia-se muito com uma camisola de futebol, mas logo à segunda, o layout foi fechado.
Com isto já estávamos em Fevereiro, e as inscrições estavam prestes a abrir. Assim foram lançados alguns teasers e banners para a abertura de inscrições e o primeiro conjunto de cartazes da prova.
Entre pedidos de orçamento e enviar maquetes das t-shirts para os fornecedores passou-se Março. Mesmo assim ainda deu tempo para alinhavar o layout para os novos dorsais.
Em Abril e com o fornecimento das t-shirts garantido era altura de pensar no resto do material gráfico que seria necessário. Havia um pórtico para o qual vinha uma estrutura a caminho e que tinha de ser forrado, a lona do pódio com os patrocinadores para ser idealizada e o mesmo pódio para ser redesenhado, já que no ano anterior eu tinha trocado o 2º pelo 3º lugar. Entretanto em reunião surgiram várias ideias doutro tipo de material para promover a prova. Foram mencionadas as fitas para colocar no pulso dos atletas, uma fita para a meta mais grossa e personalizada, lonas para a recta da meta e por fim, pólos para a organização. Algumas das ideias eram válidas outras eram uma “cagada”. Comecei a trabalhar nas válidas a ver o que saía dali. Felizmente foram aprovadas sem grandes percalços. É bom trabalhar com clientes assim.
Maio, agora sim o prazo de execução do material gráfico estava a encurtar. Layouts das fitas, lonas e pórtico aprovados. Vamos lá procurar fornecedor.
Em relação às fitas e lonas a escolha caiu sobre a Lamassport, a empresa que já nos estava a produzir as t-shirts e que nos tinha sido indicada pelo Luís Fernandes. Diga-se de passagem que lidar com a Lamassport e o seu representante, o Joaquim, foi no mínimo educativo. Para cada problema que pusemos eles apresentaram uma solução. Modificaram ligeiramente o layout das t-shirts de modo a “encaixar” melhor nos moldes. Apresentaram-nos uma solução para as lonas da meta, em tecido técnico sublimado que foi muito interessante, tornando as lonas leves, resistentes e fáceis de lavar. Também os polos para a organização foram bordados por eles.
Em relação ao pórtico e aos dorsais, a escolha recaiu sobre a TRIO, empresa com quem já tínhamos trabalhado anteriormente e com a qual nos entendemos bem, mesmo pedindo por vezes coisas complicadas. Obrigado ao pessoal da TRIO pela paciência, que eu às vezes não sou muito fácil de aturar.
Também em Maio saíram os cartazes finais do evento, os quais na grande maioria foram feitos a partir de fotos do Rafael Carvalho, tiradas no topo do Lombinho, obrigado Rafael, e que foram sendo apresentados faseadamente.
Junho… este era o mês para finalizar tudo, assim foram mandados os últimos layouts para os fornecedores, de modo a termos tempo para correcções, caso corresse alguma coisa mal. Felizmente correu tudo (quase) sobre rodas.
E num instante estamos no mês da prova. Hora de começar a receber os materiais e ultimar as coisas pendentes. Começando por ultimar as lonas da meta, depois dos patrocinadores definidos. Em seguida finalizar o pórtico e por fim, e para acabar em grande, fazer os dorsais.
Entre 11 e 13 de Julho foram duas noites em cima de dorsais. Dia 16 recebemos os dorsais do fornecedor para verificar e colar chips que faltavam 2, um que me tinha esquecido e um que eles se tinham esquecido. Aqui vale a pena salientar que na organização temos umas máquinas de colar chips, o Mariano, o Luís, o Filipe, a Adriana e a Carolina despacharam os chips enquanto o diabo esfrega um olho. Refeitos os dorsais em falta, juntamente com uma ligeira mudança de layout dos dorsais dos vassouras, o trabalho gráfico estava finalizado. Agora era esperar e ver tudo montado.
A montagem da zona da meta que ficou melhor do que eu esperava. Uma coisa é idealizar em papel e na cabeça, outra coisa é ver montado. Para isso contribuiu bastante a ajuda do Luís Fernandes que mesmo sendo um chato do pior por vezes até tem olho para a coisa.
18 de Julho foi dia de check-in da Decathlon e dia 19 na Junta de Freguesia do Porto da Cruz. Por motivos laborais só pude estar presente no primeiro dia de check-in. Já o tinha feito no ano passado, e este ano voltei, e voltei a gostar daquela azáfama do check-in.
Véspera da prova supostamente deveria fazer marcações na Penha D’Águia, mas em reunião uns dias antes, já tínhamos decidido passar essa tarefa a outra pessoa, já que estava um pouco cansado e o dia da prova prometia ser longo. A colocação de fitas na Penha D’Águia recaiu sobre o Maurílio Gouveia e o Bruno Freitas.
Domingo de Prova foi dia de acordar às 4 da manhã, comer qualquer coisa, arranjar o material, e seguir para o Porto da Cruz. Ia fotografar a prova, juntamente com o Aurélio Davide e o Bruno Abreu e tinha planeado fotografar alguma coisa na zona da partida, assistir à partida e depois subir pelo trilho e esperar os atletas das provas de 50K e 25K e se desse tempo, descer de modo a apanhar a prova pequena.
Assim foi, algumas fotos na partida, apanhei boleia do pessoal que ia para o primeiro posto de abastecimento e comecei a subir o trilho. Quando dei por mim já tinha percorrido 3Km e subido 500 metros. Era altura de esperar pelos “artistas”. Fotografei os atletas da prova grande e quando achei que tinha passado o último atleta telefonei aos vassouras a ver onde eles estavam. Estavam ainda longe de onde eu estava, então comecei a descer. Ainda passou mais um atleta por mim e um pouco depois chegam os dois vassouras. Pensei: “Estes já estão, vou descendo, assim quando acabarem de passar os atletas dos 25k ainda tenho hipótese de apanhar os de 12”.
Não deu certo!! Os mais rápidos dos 25Km realmente chegaram bastante cedo ao pé de mim, mas os mais atrasados, não permitiram que chegasse lá em baixo a tempo. Ainda por cima tinha subido mais do que tinha planeado.
Fotos feitas, apanhei a minha boleia de volta ao centro do Porto da Cruz. Ali encontrei o Aurélio Davide, que estava na altura a fotografar a chegada dos atletas e que fez um excelente trabalho, e disse-lhe que ia até à promenade apanhar os primeiros das provas ultra e longa e os restantes da prova curta. Então, fui andando no sentido contrário ao da prova e fotografando os atletas que estavam quase a terminar, por ali fiquei até as baterias darem sinal de fracas. Fui até ao carro, troquei as baterias da máquina e pensei voltar à mesma posição, mas entretanto, lá estava o James Góis a pedir indicações de como ir até à base do Lombinho de carro, para acompanhar a Tânia.
“Espera aí, podia lhe dar as indicações e aproveitar a boleia para fazer umas fotos nessa posição” – pensei. Fotografei na base do Lombinho, um spot muito interessante que descobri graças ao Raúl Alves, no Sky Trail Camp deste ano, até à passagem da Tânia. Nessa altura aproveitei de novo a boleia do James e fomos para Larano, acompanhar os atletas que vinham da Degolada. Mais umas fotos, um copo ou outro de coca-cola e uns amendoins no abastecimento e passa a Tânia de novo, vinha bem, sorridente e sem se deixar influenciar pelo calor que se fazia sentir. Mais um passeio de carro com o James, desta vez até ao centro.
Chegado ao Porto da Cruz, era hora de almoçar. Já estava a pé há muito tempo e o corpo já dava sinais que precisava de alguma coisa mais substancial. Um lombo de porco assado e uma cerveja fizeram milagres. Acabei já me sentia outro. Fiquei pela zona da meta à espera dos últimos atletas e da entrega de prémios. Pelo caminho ainda deu tempo de falar com os cunhados e cunhadas que tinham participado na prova perder o telemóvel, que decidiu ir se refrescar à levada, pudera também com aquele calor…
Fotografei a entrega de prémios, menos os M55 da prova longa, onde fui chamado ao pódio receber o troféu pelo João Fernandes. Este foi o primeiro troféu atribuído a um atleta da equipa Aguenta Que Vai, fiquei contente, se bem que um pouco sem jeito.
Por fim, foi a “foto de família”, que coloco aqui por baixo, mais uma cervejinha para tirar a poeira da garganta e dei por finalizado o dia, bastante longo.
Os 4 dias seguintes foram ocupados a tratar 768 de 1027 fotos.
A experiência deste ano foi simplesmente fantástica, trabalhar com esta equipa foi do melhor. Nada como juntar as nossas paixões, neste caso o trail, o design e a fotografia e fazer o pacote completo. Excelente!!!!!!!!!!!
Queria agradecer a todos os elementos da organização do Trail Natura o convite para fazer parte desta equipa e me terem dado a oportunidade de ver o que é o outro lado do trail.
Por mim, e se me quiserem, podem contar comigo para 2020.
Grande Abraço
Alexandre Vieira