Re-solar com Vibram? Será que vale a pena?

As Skechers GoTrail Ultra 3 Climate Edition são umas sapatilhas para distâncias longas e que têm como principal característica, como é normal nos produtos da marca, o conforto. Tanto conforto que até dizem que dá sono correr com elas. Para o melhor e para o pior, e para o que nos interessa neste artigo específico, são equipadas com uma sola que não se portando mal em terrenos fáceis e secos, desilude em terrenos húmidos, especialmente se forem técnicos. Descer em cima de pedra molhada era uma aventura.

As GoTrail Ultra 3 Climate antes da modificação – imagem: skechers.com

Assim, o Bruno Freitas decidiu aproveitar a sua ida ao UTMB e mandar re-solar as Skechers com Sola Vibram Megagrip, já que era um serviço proposto aos atletas que participavam na prova.
Dito e feito. No dia marcado os técnicos da Vibram receberam as sapatilhas, analizaram-nas e viram que podiam efectuar a operação de mudança de sola, salvaguardando que as sapatilhas iriam perder um pedacinho do conforto, já que para colocar a nova sola seria preciso desabar a sola antiga e ainda parte da meia sola.
Dois dias depois as sapatilhas estavam prontas para levantar e realmente estavam um bocado “desbastadas”. De resto o trabalho estava impecável, até a cor da sola encaixava tão bem que parecia que esta tinha estado sempre ali.

Mas vamos à apresentação da versão original…

Meia Sola de Resalyte, composto da Skechers destinado a dar proteção e conforto em ultra distâncias.
Drop 4mm – 36mm no calcanhar e 32mm de altura na frente.
Sola com tacos médios, triangulares e circulares, e com linhas de flexão para facilitar a transição da passada.
Upper impermeável com 3 camadas, uma camada exterior impermeável, uma camada intermédia micro perfurada que permite passar o ar mantendo a água de fora e finalmente uma camada interior que “abraça” o pé e que também tem a função de expulsar a humidade.
Peso: 320 gramas.

Nesta comparação é notória a diferença de altura da meia sola.

e depois os detalhes da versão “kitada”

Drop de 4mm, mas agora com uma altura ao solo inferior – 32mm no calcanhar e 28mm na frente
Sola Vibram Megagrip Litebase com tacos de média altura, bastante espaçados
Peso: 290 gramas

A cor da sola encaixou que nem uma luva!

Infelizmente não experimentei a versão original das sapatilhas, por isso não vou comparar o antes e depois. Para isso conto com a opinião do Bruno que apenas me disse: “Só têm um senão, mantêm os pés muito quentes. De resto, não escorreguei a subir, nem a descer e até no cerro aguentaram-se bem. Estão mais rígidas e já não torcem por tudo e por nada, assim atacas a passada com mais segurança.”

Com este “briefing” lá fui eu subir a Penha D’Águia com elas.

Primeiras sensações: Eh lá, estas coisas são confortáveis, não em excesso, mas confortáveis, bastante confortáveis. Acho que vou gostar disto.

Comportamento da Sola: Uaaauuuuuuu, não sei se a Vibram mudou o composto, se é da forma e disposição dos tacos… Esta sola destaca-se, mesmo dentro das Megagrip. Agarra a tudo, tudo mesmo, seja seco, molhado, rijo, mole, solto, a subir a descer, rápido, devagar. Esta foi a melhor sola Vibram que experimentei, pelo menos a que melhor impressão me deixou de início (só testei as sapatilhas durante poucos dias, porque o dono também as queria).

Conforto: Muito confortáveis, mesmo em alcatrão elas portaram-se muito bem com os pés, não têm a “moleza” dumas Altra, mas não são menos confortáveis. Não sei como seriam com os 4mm a mais de altura, mas para mim, como estão, ficaram perfeitas.

Estabilidade: Neste ponto os 4mm tirados à altura de certeza que ajudaram, especialmente em terrenos técnicos. As sapatilhas são rígidas e permitem-nos atacar o terrenos com bastante confiança sem medo que a sola torça.

Sensação de solo: Menos 4mm, mais sensação de solo, sem dúvida nenhuma. Uma sapatilha que as críticas diziam ter o problema de não sentirmos o solo que pisávamos. Sentimos sim senhor. Tirem 4mm à meia sola e verão que o solo sente-se bem debaixo dos pés. Sempre confortáveis, mas sentindo o chão.

Respirabilidade: É uma sapatilha “all-weather”, a respirabilidade não é um dos seus pontos fortes. Também a sua construção em camadas torna-a bastante quente. Em compensação, se passarmos por uma ribeira e molharmos os pés, eles vão fresquinhos (e molhados) até ao fim, porque levam muito tempo a secar. Quando as levei depois de usar, levaram quase três dias até estarem completamente secas. Este é, para mim, o grande contra destas sapatilhas. Para climas frios podem até ser o ideal, mas para o nosso tempo, são muito quentes.

Quase 3 dias a secar… para mim um recorde!

Voltando ao que interessa…

Vale a pena re-solar com Vibram?. SIM, absolutamente SIM.
Se tiverem umas sapatilhas, mesmo de estrada, que gostem e que a sola esteja gasta, ou que não seja do vosso agrado, re-solem com Vibram Litebase. O preço, à volta de 35 euros, bastante em conta porque as sapatilhas ganham outra vida (estou a escrever isto e a olhar para o armário das sapatilhas pensando: “lá vai o meu orçamento”).
Infelizmente o serviço não está de momento disponível em Portugal (o mais perto é em Espanha) mas correm rumores que até ao fim do ano possamos re-solar as nossas sapatilhas com Vibram aqui bem perto. Esperemos que sim.
Eu já vou colocar uns euros de parte!!!

Agradeço ao Bruno Freitas a disponibilidade para me emprestar as Skechers GoTrail Ultra 3 kitadas com Vibram Megagrip Litebase para testar! Obrigado 🙂

E um obrigado à Carina por aturar estas minhas maluquices e ter ido comigo esgalhar as Skechers à Penha D’Águia

Alexandre Vieira

alex@aguentaquevai.com